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Sei que não posso apagar o incêndio sozinha, estou apenas fazendo a minha parte

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27.03.2024

No ano passado, escrevi o prefácio da nova edição de "A Convidada", primeiro romance de Simone de Beauvoir. Baseado no triângulo formado por Simone de Beauvoir, Jean-Paul Sartre e Olga Kosakiewicz, o livro é uma espécie de confissão do desespero de uma mulher que se sentia prisioneira dos desejos dos outros. O que mais me chamou atenção no romance autobiográfico foi a recorrência da categoria "à mercê".

"Não sou ninguém... Não havia cura possível... Depois de tantos anos de serenidade triunfante, de dureza na conquista da felicidade, de exigências apaixonadas, iria se tornar, como tantas outras, uma mulher resignada?... Agora caíra na armadilha, encontrava-se à mercê da consciência voraz que esperara, no escuro, o momento de devorá-la. Ciumenta, traidora, criminosa".

Eu também fico desesperada quando me sinto "à mercê" da boa ou má vontade dos outros. Por exemplo, fui convidada para dar uma palestra fora do Rio de Janeiro e deixei a mala pronta dias antes, fiz o máximo e o melhor para que tudo saísse 100% perfeito. No dia anterior à viagem, descobri que o organizador cancelou o evento e se esqueceu de me avisar.

Costumo entregar a lista com as notas dos alunos dos meus cursos no primeiro dia do mês, mas a secretária só digitaliza no último dia, quando os outros professores entregam suas listas. E ela sempre se esquece de digitalizar a........

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