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Livro faz uma investigação minuciosa sobre a evolução do sentido de ser

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25.07.2024

Os dois anos de pandemia foram duros de suportar, mas confesso que o isolamento me trouxe uma grande alegria, ter tido tempo para ler a "Ilíada" e "A Odisseia", de Homero.

"A Odisseia" é imensa, extraordinária, mas, comparada à "Ilíada", é quase doméstica. O astuto Odisseu negocia saídas, evita feitiços, reconquista o lar e, apesar de perseguido e náufrago, parece possuir alguma ingerência sobre o próprio destino. Já os heróis da "Ilíada" são como fantoches nas mãos do Olimpo, mortais acossados pelo desejo volúvel dos eternos. A "Ilíada" é sobrenatural.

Sujeitos às desavenças e ao ciúme, os deuses olímpicos cultivam predileções, enfrentam crises conjugais e guardam estranha semelhança conosco. Talvez, a condição de imortais os impeça de se aniquilarem entre si e, por isso, venham ao mundo, como demônios alados, para usarem os homens como instrumento de suas ações. A fúria de Heitor, de Aquiles e a sanguinolência explícita dos combates se contrapõem, com igual medida, à dor e à fragilidade humana. É de uma grandeza acachapante, difícil de alcançar.

Meu filho mais velho está no mestrado de filosofia e me indicou um livro precioso, de 1953, que ajuda a entender o impacto da "Ilíada" no leitor desavisado. "The Discovery of the Mind", de Bruno Snell, para o qual não encontrei tradução em português, investiga o longo caminho, de Homero a Virgílio, percorrido pela literatura, a poesia, o teatro e a filosofia ocidental, até se chegar à ideia de mente e........

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