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São nos menores frascos que estão as maiores lembranças olfativas

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03.06.2024

Se eu pudesse, isto aqui não seria crônica de jornal, mas uma carta perfumada passada por baixo da porta. Um lencinho que, ao cair leve e sonso, deflagrasse um quê inebriante de flerte com o que guardamos de mais delicado.

O jeito, então, é me safar com este relato forçosamente inodoro, tendo a convicção de que palavras guardam uma fragrância própria, sempre muito bem fixada por memórias. E de que vocês pegarão no ar tudo o que senti ao avistar aquele diminuto frasco por entre os pertences de Lina Bo Bardi em sua Casa de Vidro: o mesmo perfume da minha mãe.

Bastou um segundo para que nariz e cérebro se alinhassem, colocando essas duas mulheres na mesma família olfativa. Suaves traços de lírio do vale, jasmim e ylang-ylang conectando a matriarca que sonhou estudar arquitetura à minha arquiteta favorita. Emoção e imaginação borrifando a cena de uma dando aulas de matemática na rede pública, enquanto a outra projetava o Sesc Pompeia.

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