Heraclito, Kobayashi e o elogio da vulnerabilidade
Existirá uma cidadela interior capaz de nos proteger da vulnerabilidade? Não falta quem diga que sim… Quem sabe, contudo, a resposta não seja assim tão cristalina, porque não nos basta proteger do desejo, mas também das feridas – algo que, para um ser finito, talvez não seja possível. As vidas dos corpos finitos são precárias, os objectos que nos acompanham, as relações que mantemos connosco e também com os outros são relações frágeis que se podem quebrar.
Um corpo é vulnerável (de vulnus, ferida) se puder ferir e ser ferido, razão por que não pode existir – não pode inventar-se – fora da compaixão e do consolo, da contingência, da vergonha e do perdão. É, no entanto, importante perceber que, precisamente porque a vulnerabilidade é estrutural, não é concebível – nem desejável – superá-la. Somos, desde o primeiro momento, corpos expostos às feridas causadas pelo mundo, pela vida e pelos outros, e, evidentemente, também às feridas que infligimos ao mundo, à vida e aos outros. Uma ferida não é, portanto, necessariamente sinónimo de dor ou sofrimento, mas de envolvimento, de pathos. O facto de a condição humana ser vulnerável implica que se aceite a existência como estando envolvida por qualquer coisa que não se pode dominar. Algo que nos surpreende, nos invade, nos salta ao caminho e a que nunca somos capazes de dar uma resposta – uma resposta a priori, definitiva e segura, pelo menos.
Para Kobayashi Issa (1763-1828), um dos grandes mestres japoneses do haiku,........





















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