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Por que continuamos a confundir desigualdade com injustiça

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Poucos conceitos estão hoje tão carregados moralmente no debate público como o de desigualdade. A palavra passou a funcionar como atalho cognitivo para denunciar injustiça, exploração ou falência ética do sistema. Sempre que surgem diferenças de rendimento, estatuto ou oportunidades, a conclusão parece automática: algo está errado.

Mas esta equivalência, apesar de intuitiva, é conceptualmente errada e politicamente perigosa.

Desigualdade, injustiça e exploração não são sinónimos. Confundi-los empobrece o debate, distorce diagnósticos e conduz a políticas mal desenhadas que, muitas vezes, agravam exatamente os problemas que dizem combater.

Comecemos pelas definições, porque sem elas não há pensamento sério.

Desigualdade descreve uma distribuição desigual de recursos, rendimentos, estatuto ou resultados. É um facto empírico, não um juízo moral.

Injustiça refere-se à violação de regras percebidas como legítimas, sejam elas legais, morais ou institucionais.

Exploração implica a extração sistemática de benefícios através de assimetrias de poder, coerção ou manipulação, em prejuízo de outros.

Estas três realidades podem........

© Observador