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A arquitetura desigual do discurso digital

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16.12.2025

As redes sociais parecem um espaço caótico e democrático, onde todos participam e todas as vozes contam. A verdade, porém, é menos romântica. Aquilo que vemos no dia a dia das plataformas é moldado por uma regra empírica surpreendentemente estável: 1% cria conteúdo, 9% reage e 90% limita-se a observar em silêncio. Esta assimetria, conhecida como regra 1-9 – 90, foi formulada por Jakob Nielsen, investigador em interação “humano-computador” e cofundador da Nielsen Norman Group, no seu artigo de 2006 chamado “Participation Inequality”. Desde então, estudos independentes encontraram o mesmo padrão em praticamente todas as comunidades digitais modernas.

Esta regra não é apenas uma curiosidade estatística. É uma chave para compreender a verdadeira natureza do discurso digital e a forma como este distorce perceções sociais, políticas e culturais.

1. O mito da participação universal

A narrativa popular diz que as redes sociais democratizaram o espaço público. Qualquer pessoa pode falar, partilhar, influenciar. Mas a realidade é outra. A maioria das pessoas não participa. Observa. Consome. Lê. E raramente intervém.

As grandes plataformas apresentam sempre a mesma pirâmide: uma minoria muito ativa no topo e uma vasta maioria silenciosa na base. Quando confundimos esta minoria........

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