menu_open
Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

A vitória de Putin

17 1
15.04.2024

No seu curto ensaio sobre a União Europeia, sintomaticamente intitulado Uma grande ilusão?, Tony Judt defende que a segunda guerra mundial condenou os países europeus ao derrotismo:

“A II Guerra Mundial foi peculiar por ter dividido os países uns contra os outros e porque quase todos os intervenientes europeus perderam. Teve, por isso, a consequência interessante e perene de dar ao subcontinente algo mais em comum: uma memória recente partilhada de guerra, guerra civil, ocupação e derrota. Apesar da mortandade imensa da I Guerra Mundial, após 1945 o sentimento de experiência comum do conflito e de destruição foi muito maior. Como resultado, os europeus tornaram-se, coletivamente, “derrotistas” – não só já não estavam dispostos a lutar uns contra os outros, como também viam com desconfiança qualquer vontade de lutar.”

De facto, o trauma da guerra conduziu os dirigentes europeus ao esforço de unir a Europa sob o signo kantiano de paz perpétua, e as décadas de crescimento económico que se seguiram tornaram as afluentes sociedades europeias mais ligadas a bens materiais e menos dispostas a aceitar a violência como forma de resolver disputas, como chama a atenção Vítor Bento. Teríamos passado para o que alguns designam como “sociedades pós-heroicas”, que concretizam, no fundo, as promessas do projeto liberal: partindo de uma antropologia universalista, baseada numa razão instrumental, o paradigma liberal acreditou que era possível construir um mundo mais pacífico, fim para o qual o comércio era um meio privilegiado.

Na linha da tradição tomista, presente na Segunda........

© Observador


Get it on Google Play