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A feminização do Ocidente

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18.11.2025

É possível que a vitória do Cristianismo ao longo dos últimos dois mil anos possa ser interpretada como um longo caminho de feminização das sociedades cristãs. A mensagem simbolizada pela Cruz – de valorização, proteção e cuidado dos mais fracos e desprotegidos – apelou diretamente às mulheres e significou uma nova dignidade da figura feminina. Afinal, ao contrário do que caracterizava as sociedades antigas, o Cristianismo elevava a condição da mulher no matrimónio, como exortava S. Paulo:

Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para a santificar, purificando-a, no banho da água, pela palavra”; “devem também os maridos amar as suas mulheres, como o seu próprio corpo. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. (Ef 5)

Para Tom Holland, este é um dos aspetos revolucionários do Cristianismo no contexto mais amplo da cultura romana, em que as mulheres eram vistas como parte da propriedade dos homens, que podiam dispor delas e dos escravos conforme desejassem, nomeadamente em termos sexuais. O Cristianismo oferecia uma mensagem de dignidade e, por consequência, as mulheres desempenharam um papel fundamental no seu crescimento:

“As mulheres foram frequentemente as primeiras a adotar o Cristianismo nas suas comunidades e tiveram um papel fundamental na sua disseminação. Os maridos pagãos das mulheres cristãs eram uma fonte frequente de convertidos, em grande parte devido ao proselitismo dentro de casa — particularmente nos casamentos romanos da classe alta. Como as mulheres normalmente se convertiam primeiro, elas tendiam a criar os seus filhos como cristãos ou sob alguma influência cristã, como a mãe de Santo Agostinho, e criaram assim uma nova geração de cristãos.”

Este reconhecimento da mulher pode ser especialmente encontrado na mãe de Jesus, importância já estabelecida no século V e reconhecida pelo Papa Paulo VI no........

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