A conversa
O filósofo inglês Michael Oakeshott criou uma das metáforas visuais mais bonitas da história da filosofia quando imaginou os seres humanos como herdeiros “de uma conversação, iniciada nas florestas primitivas, alargada e tornada mais articulada no decorrer dos séculos”. Agarremos a sua imagem:
“De facto, não parece improvável que tenha sido o envolvimento nesta conversação (que nunca terá conclusão) que nos deu a nossa aparência atual: o homem descendendo de uma raça de símios que se sentaram a conversar durante tanto tempo e até tão tarde que desgastaram as suas caudas.”
Oakeshott pode, nesta medida, ser colocado na mesma tradição filosófica do alemão Hans-Georg Gadamer ou do norte-americano Richard Rorty, que enfatiza a dimensão dialógica da vivência humana. Nesta tradição, a filosofia surge mais como uma conversa do que como um modo de pensamento científico na procura por uma verdade final e radicaria na voz dos poetas, nomeadamente nos versos de Friedrich Hölderlin:
Muito experimentou o Homem.
Muitos celestes nomeou,
Desde que somos um diálogo
E podemos ouvir uns dos outros.
Ora, podemos usar este entendimento dialógico do homem e da sua história, da filosofia e da cultura para responder ao problema do “argumento da cultura ocidental” que o P. João........© Observador
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