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Rumo ao “bem comum”

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14.01.2024

Texto publicado originalmente em Ponto SJ

O artigo 1.º da Constituição da República Portuguesa afirma que esta se baseia na ”dignidade da pessoa humana e na vontade popular”, reiterando o seu empenho na “construção de uma sociedade livre, justa e solidária”. Os parágrafos iniciais do nosso texto fundamental fazem também referência – entre outros aspectos – a uma sociedade fraterna (no preâmbulo), a uma organização política que respeite o princípio da subsidiariedade (art. 7.º, n.º2) e que, no âmbito externo, defenda a paz e a justiça na relação entre os povos (art. 6.º, n.º1). Afirma-se igualmente a inviolabilidade da vida humana (art. 24.º, n.º1). Todas estas dimensões se enquadram – e em parte se inspiram – na linha do pensamento social cristão, que os católicos acolhem como “doutrina social da Igreja”. Esta corrente mergulha as suas raízes na tradição bíblica e nos ensinamentos de Jesus Cristo, bem como na reflexão e prática que estes inspiraram ao longo dos tempos. Embora tudo isto seja público e publicado (o recente compêndio “DoCat” é um bom exemplo), houve quem considerasse, com alguma ironia, ser este o segredo mais bem guardado da Igreja…

A nível social, tempos novos geraram coisas novas (rerum novarum) pedindo novas abordagens. No longínquo ano de 1891, o Papa Leão XIII, reflectindo sobre a sociedade consolidada pela revolução industrial, escreveu um texto programático acerca da necessidade de justiça social em relação aos trabalhadores operários, demarcando-se dos materialismos comunistas e capitalistas. O magistério católico foi continuando a reflectir – e a tomar posição – sobre os temas sociais relevantes: em 1937, Pio XI condenou incisivamente o fascismo, o nazismo e o comunismo; João XXIII abordou os temas do progresso social (1961) e da paz mundial (1963); Paulo VI escreveu, em 1967, sobre o justo desenvolvimento dos povos e sua autonomia (e, em 1971, já se preocupava com os riscos da poluição!); João Paulo II abordou temas tão distintos como a dignidade do trabalho humano (1981), a solicitude social da Igreja (1987), a nova ordem mundial nascida da queda do muro de Berlim (1991) e a defesa da vida humana (1995); Bento XVI traçou, em 2009, as linhas de uma atitude cristã diante da crise económica global. Finalmente, o Papa Francisco escreveu sobre a fraternidade e a amizade social (2020), e também sobre o cuidado ecológico do mundo........

© Observador


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