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Delícias do mar
Numa crónica do início dos anos 90, Miguel Esteves Cardoso denunciava, com sinal do declínio de Portugal, o êxito das delícias do mar. “Entre umas boas navalheiras, baratas e acabas de cozer, e um pratinho de delícias do mar, caras e acabas de descongelar, já não hesitam”, argumentava. “Preferem o produto da fábrica, ao fruto do mar”, explicitava mais à frente.
A questão é bem mais do que alimentar. Não é só o frango que tem que ser “mais compreensivo, mais sensível aos sentimentos humanos”, ao ponto de aparecer “em casa já pré-decapitado”. É a vida, no seu conjunto, que parece necessitar de ser pronta a comer.
A industrialização criou um mundo onde a consciência e a culpa podem ficar tranquilas. Já não precisamos de matar para........
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