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A liberdade religiosa, os imigrantes e o papel da Igreja

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03.10.2025

Nos últimos tempos, assistimos, na Península Ibérica, a episódios que, mais do que políticos, são profundamente humanos. Em Espanha, a Conferência Episcopal levantou a voz contra uma decisão que impede a comunidade muçulmana de Jumilla (município de Múrcia) de celebrar as suas festas religiosas. Em Portugal, D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, afirmou com clareza que não reconhece como católicos aqueles que promovem discursos anti-imigração e xenófobos. Estas declarações dos presidentes das conferências episcopais ibéricas levaram-me a refletir no que penso ser algo essencial nos dias de hoje: é imprescindível defender o respeito pela dignidade da pessoa, independentemente da sua fé, cor ou origem.

Em Jumilla, uma pequena cidade, cerca de 1.500 muçulmanos foram privados do direito de celebrar o fim do Ramadão e a Festa do Cordeiro, por via de um acordo político que fala de “identidade cultural espanhola”. Mas que identidade é esta que nega espaço às expressões religiosas de quem também é vizinho, trabalhador, colega de escola ou de fábrica? A Conferência Episcopal Espanhola foi clara: trata-se de uma discriminação incompatível com a democracia e contrária ao espírito da Constituição do país. Não se trata, apenas, de uma questão administrativa ou de uso de equipamentos públicos. Trata-se de um sinal: dizer a uma comunidade inteira que a sua fé não tem lugar. Isso fere a convivência, gera ressentimento e quebra os laços de confiança que qualquer cidade precisa cultivar entre os seus habitantes.

Em Portugal, D. José Ornelas recordou uma verdade desconfortável para alguns: não há catolicismo possível na exclusão ou no ódio.........

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