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Nova (velha) epidemia 

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02.12.2025

Em Portugal, uma ocorrência de violência doméstica é registada a cada cerca de doze a quinze minutos. Até setembro deste ano foram mais de 25 mil. Esta cadência brutal, que se repete noite e dia, mostra o que tantas vezes recusamos admitir: a violência doméstica não é um fenómeno invisível, é uma epidemia.

A violência doméstica é um flagelo incontornável da sociedade portuguesa. É uma forma persistente de dominação e controlo, exercida no espaço que deveria ser o mais seguro, o lar, e que se manifesta através da agressão física, psicológica, económica ou sexual.

Os números não mentem. Até 30 de setembro de 2025, a PSP e a GNR registaram 25.327 ocorrências de violência doméstica, o valor mais alto dos últimos sete anos. Este aumento não é uma flutuação estatística, é um sinal claro de agravamento. Quando um país atinge o maior número de ocorrências da última década, não está apenas a registar casos, está a medir a extensão de uma falha estrutural nas políticas de prevenção, proteção e segurança interna.

A sucessão de episódios ao longo do último ano revela uma violência que já não pode ser lida como fenómeno isolado, mas como verdadeira epidemia social. Quando uma sociedade assiste, quase semanalmente, a notícias de mulheres agredidas, perseguidas ou assassinadas, não estamos certamente perante uma coleção de tragédias individuais, mas diante de uma doença cujo diagnóstico........

© Observador