Adeus, CDS
Tem hoje mais governantes do que deputados à Assembleia da República, e mais comentadores na televisão do que a soma destes todos. Perante ele, o país balança entre a indiferença e a troça, em parte pela impreparação dos responsáveis nacionais, a começar pelo presidente da direcção e ministro da Defesa para quem a sigla da NATO não está inteiramente esclarecida. Suponho que a agonia de um partido nunca seja um espectáculo entusiasmante, mas o CDS morreu assassinado e, aparentemente, por engano. A tentativa de o fazer passar por vivo acrescenta um elemento grotesco que a história e os últimos militantes não mereciam. Fui incapaz de prever que o golpe de misericórdia partiria de Lisboa.
Diogo Moura, vice-presidente do CDS, e vereador em Lisboa com o pelouro da cultura no governo Novos Tempos, foi acusado pelo Ministério Público de fraude em duas eleições internas para delegados ao Conselho Nacional, em 2019 e 2021. Quando a notícia se tornou pública, Diogo Moura demitiu-se da vice-presidência do CDS, mas manteve-se na vereação, como se a acusação do Ministério Público dissesse respeito a um assunto circunscrito à esfera do partido. Um erro grave. Este entendimento desrespeita o governo da cidade, os eleitores da cidade, e o papel fundamental das eleições no processo democrático. Diogo Moura, politicamente instruído no coração do aparelho partidário, só deixou o governo de Lisboa quando Carlos Moedas lhe pediu.
Desde que esta direcção do CDS tomou posse, em Abril de........
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