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Branquear o comunismo - uma aposta portuguesa

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24.09.2024

1 O comunismo foi e é ainda um regime político criminoso. A criminalidade faz parte dele e é indispensável à sua consolidação. O comunismo vive do crime e para o crime. O crime não foi um desvio cometido por alguns distraídos que se afastaram dos ideais comunistas porque os interpretaram mal. Não. O crime é uma consequência necessária da ideologia e do regime que lhe corresponde. Basta ler o «manifesto do partido comunista» escrito em 1872. Chamemos aos bois pelos nomes.

Este tema foi visto e revisto em França desde o fim da segunda grande guerra mundial até à queda do muro de Berlim e continuou alguns anos depois. Mas está enterrado. Ser comunista em França é hoje cada vez mais mal visto e sintoma de pouco esclarecimento intelectual e até prova de hipocrisia moral. Mas entre nós não é assim. Daí o interesse do tema ou seja, da denúncia do que foi (e é) o comunismo.

Depois de 1956, e até antes, já não era possível ignorar a realidade criminosa do comunismo porque a denúncia veio de dentro. Consequentemente, a estratégia de defesa do comunismo mudou. Passou de ofensiva a defensiva; agora era preciso branquear as coisas. A questão era difícil mas optou-se pelo caminho mais fácil e acessível. Este passou a ser não colocar lado a lado a criminalidade nazi e a comunista. Contava-se para isso com o serviço de todos os partidos comunistas europeus ocidentais e com o apoio de uma série infindável de intelectuais arregimentados, que não tinham de ser comunistas, sendo até conveniente que (oficialmente) não fossem, assim mobilizando a opinião pública.

Haveria diferenças fundamentais entre os regimes. O nazismo foi a personificação do mal. Sem dúvida alguma que foi. Exterminou seis milhões de judeus (e outros) por métodos industriais e vendeu uma ideologia vergonhosa e desumana. Foi o grau zero da desrazão. O nazismo foi uma das piores páginas da história da humanidade e nunca será demais denunciá-lo e recordá-lo.

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Mas e o comunismo? Nada disso. Entrava aqui ao serviço a bem oleada máquina de propaganda. Este só quis «salvar a humanidade», libertá-la das «amarras da exploração» e promover a «paz» entre os povos. Alguns eventuais «excessos» foram compreensíveis no «calor da luta» mas, apesar de tudo, «globalmente, o balanço foi positivo». A habilidade continuou com um argumento falso mas acessível e portanto, muito divulgado, destinado já não a negar a bestial realidade criminosa do comunismo mas a impedir a sua denúncia. Apostava já não na positiva mas na negativa. Era assim; criticar o comunismo é «fazer o jogo da reacção», abrir a porta ao «fascismo» e impedir o «progresso». Negar os crimes do comunismo era bem visto e logo contava com o apoio desinteressado dos camaradas. Não se poderia, portanto, ser anticomunista sem ser imediatamente «fascista» e até vítima do «obscurantismo», resultado obviamente da influência da igreja e dos «caciques locais». Lembram-se? Esta lenga-lenga beneficiou de décadas sucessivas de propaganda e desinformação que nunca teriam sido possíveis sem a serviçal quinta-coluna dos partidos comunistas europeus e da muita imprensa por eles controlada.

Alguns, pretensamente mais «cultos», utilizaram e utilizam um argumento mais sofisticado mas igualmente falso. Arengam que o comunismo «real» foi «mau» porque «traiu» os puros «ideais» mas o «bom» comunismo, que ainda não existiu, está para chegar, qual Messias. A quantidade de imbecis que alinhou nisto é confrangedora. E se levarmos em conta que ainda hoje alinha, o panorama é muito pior. Se tivessem lido Hegel e Marx saberiam que, segundo estes, a realidade histórica (que é como quem diz, o crime comunista) não poderia ser senão a expressão da razão. E porquê? Porque a razão e a realidade entranham-se sempre pelo que o resultado não poderia ter sido outro.

O problema é que as contradições não ficaram resolvidas, apenas adiadas e, portanto,........

© Observador


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