menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

A cruzada "anti-fascista"? Não, a cruzada contra a direita 

6 1
16.11.2025

1. Toda a gente percebeu que a esquerda está desorientada. A avançada da direita é um facto indesmentível cá no país e em muitos outros. Vai daí a esquerda afadiga-se agora a diabolizar a direita com um fervor quase religioso. Mas, como não tem argumentos credíveis, usa a deformação, o preconceito e a mentira a que junta a sua tradicional má-fé. Temperado com a ignorância o caldo fica quase perfeito. A comunicação social portuguesa é o seu arauto.

Vejamos; começa por dizer que a direita é reaccionária entendendo por tal a oposição aos ideais saídos da revolução francesa e do iluminismo racionalista. A estratégia é elementar: a extrema-direita europeia e portuguesa é a depositária porque herdeira de tudo quanto há de irracional no vasto pensamento europeu e a direita mais moderada não escapa porque as diferenças são de grau e não essenciais. Arranja-lhes uma certidão de nascimento que inclui tudo quanto há de irracionalismo, nacionalismo, racismo e romantismo no pensamento europeu mesmo que vindo de autores que não se dedicaram ao pensamento político.

Obviamente que nada disto é verdade. As ideias da revolução francesa e o iluminismo forneceram a base para a protecção dos direitos e das liberdades políticas que constituem hoje um património geral e não são exclusivo de ninguém. Mas a esquerda julga-se dona dos direitos e liberdades e imputa à direita a defesa das iniquidades do mundo. Esquece que a defesa da propriedade e da iniciativa privadas são um estandarte da direita liberal (e da outra) e que a defesa da descentralização política com o reconhecimento e protecção das autonomias locais e profissionais foi sempre uma bandeira da direita, mesmo da mais conservadora. Pouca falta para dizer que a direita quer o regresso à monarquia absoluta e aos privilégios da nobreza e do clero. Só vê a direita reaccionária baseada na teoria orgânica da nação e nos corpos naturais sedimentos da autoridade política transcendente e do poder espiritual da igreja, como no tempo do rei absolutista D. Miguel para quem em Portugal só deviam existir frades e toureiros e “escavacava-se o resto à bordoada”.

Afirma depois que a direita pensa que o caminho para o nivelamento social é contra a natureza, pois que está convencida que a sociedade é a luta de todos contra todos (darwinismo social) só sobrevivendo os mais fortes pelo que os desfavorecidos devem ser deixados entregues à sua sorte. A direita........

© Observador