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O resistente das cinzas da História

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09.11.2025

O ofício do historiador é, por excelência, uma vigília sobre as intrincadas vicissitudes da memória. Vive do rigor, da dúvida permanente e inquietação diante das múltiplas fontes, na busca paciente para compreender não apenas os factos, mas os ecos ancestrais, culturais e sociais que pairam sobre eles.

Nestes tempos de vertigem, o historiador permanece o guardião de uma lentidão temporal que permite distinguir as complexidades enjeitando os simplismos. É simultaneamente um artesão e intérprete que recupera os esquecidos, revelando, por vezes com brutal clareza, as fragilidades humanas nas margens das narrativas oficiais.

António Borges Coelho, intelectual, comunista militante e dissidente, resistente ao Estado Novo e espírito insubmisso, morreu aos 97 anos quase despercebido, sendo um dos mais fiéis teóricos de uma historiografia que não se limitou à narrativa, mas fez da interrogação do poder e da compreensão........

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