O que é o Benfica?
O meu nome é Luís Filipe Borges, sou açoriano, tenho dois filhos (o mais velho de 3 anos e meio e o bebé quase a fazer um ano), nasci há 47 anos mas – graças ao Benfica – costumo dizer que só tenho 40.
O meu filho mais velho é, no que respeita a futebol, igualzinho ao Pai naquela idade. Odeia. Se a televisão passa imagens de um jogo ele comenta logo para a Mãe, desdenhoso: “Está a dar aquela porcaria de que o pai gosta”… Do que me recordo, puxando bem pela cabeça, no televisor a preto-e-branco da minha infância, a atenção que o meu próprio Pai dedicava àqueles homens que corriam de um lado para o outro provocava-me asco. Enquanto ele ficava ali, tempos perdidos, não brincava comigo, não me ligava nenhuma.
Então o Benfica rejuvenesceu-me porquê? Porque só entrou na minha vida durante a 1ª classe. E esta é uma pequena história que, há uns anos, contei num programa que fazia.
Chegou o dia fatídico em que o tema de conversa no recreio da escola era: “Qual é o teu clube?”. Foi talvez o primeiro momento da minha vida em que senti realmente o que era ansiedade, o nervoso miudinho e o medo de ser ostracizado, porque não sabia nada… nomes de equipas, nomes de jogadores, nem sequer as cores dos equipamentos. Por isso deixei-me ficar o mais escondido possível dos outros, para trás, a escutar. E só ouvia as mesmas 3 palavras: Benfica, Porto, Sporting, Benfica, Porto, Sporting… e, mesmo antes de ser o último a responder, tive o seguinte raciocínio infantil: “Porto” era uma palavra que, além de sair da boca de pouquíssimos coleguinhas, parecia-me algo feia, ou simplória demais… “Como assim, ‘Porto’? Onde os barcos atracam?”…........
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