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Costa, o Ciclone Anti-Açores

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17.12.2023

«A geografia, para nós, vale outro tanto como a história, e não é debalde que as nossas recordações escritas inserem uns 50% de relatos de sismos e enchentes. Como as se­reias temos uma dupla natureza: somos de carne e pedra. Os nossos ossos mergulham no mar.»
Vitorino Nemésio

Açores. Somos, enquanto região, do extremo mais ocidental ao mais oriental, maiores que Portugal Continental de norte a sul; responsáveis em larga medida pelo facto de o país possuir uma das maiores Zonas Económicas Exclusivas do planeta; possuidores da primeira cidade europeia no Atlântico, bem como primeira urbe nacional elevada pela UNESCO a Património Mundial da Humanidade; geo-estrategicamente relevantes vai para 6 séculos, antes por mar e, desde o primeiro quartel do século passado, pelo ar; todavia o facto de sermos 9 ilhas longínquas (240 mil habitantes mais um milhão de almas na Diáspora) faz com que inevitavelmente padeçamos dos males do centralismo. E de que maneira. Nos últimos anos mais do que alguma vez na História da democracia.

O extraordinário consulado de António Costa levou o desprezo pelos cidadãos das ilhas a níveis inauditos. Quando fomos avassalados pelo Covid, Costa e o seu então escudeiro Pedro Nuno Santos decretaram que a TAP continuaria a voar entre Continente e Ilhas em nome da “coesão e continuidade territorial”. Nesta tonitruante demonstração de como ser forte com os fracos e fraco com os fortes (a mão estendida de Costa à Europa e as cartinhas piedosas a implorar cifrão não podem jamais ser esquecidas), o todo-poderoso primeiro-ministro do burgo desautorizava, liminar, um pedido expresso do seu comparsa Vasco Cordeiro, o então líder do Governo Regional. Note bem o caro leitor: há ilhas às quais a pandemia poderia nunca ter chegado, territórios como Corvo, Flores, Santa Maria, São Jorge, Graciosa – ilhas de baixíssima densidade populacional e parcos cuidados médicos. Mas nem sequer o rosa que une Costa e Cordeiro nos mesmos congressos e alegada ideologia lhes valeu.........

© Observador


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