Eleições
Bolieiro, nos Açores, vai governar em minoria – a mesma anunciada escolha da AD para o todo nacional se o resultado das eleições de 10 de Março não der (como tudo leva a crer não dará) maiorias absolutas, mas lhe for favorável.
Duvido que Bolieiro tenha sido influenciado, para esta decisão, pela estratégia da liderança nacional do seu partido – o homem parece dono do seu nariz e os locais, como aliás os da Madeira, não precisam de se preocupar excessivamente com o que acham ou não acham os do continente.
De modo que pode bem tratar-se da constatação de que com o pessoal político residente do Chega a coabitação não seria possível, ou da crença, neste momento já infirmada, de que o PS se absteria para deixar passar o Orçamento. Não sei nem tenho indevida curiosidade em conhecer as idiossincrasias das fulgentes personalidades ilhoas nem compro as complicadas teses dos analistas que tendem a ver o que lá não está, como as naus no Tejo. E, portanto, não reconheço ali, salvo a tendência geral de derrota da esquerda e da vitória da direita, nada de exportável para o resto do país.
Nas eleições legislativas nacionais o resultado mais provável é a vitória da AD, seguida de perto pelo PS e, não tão longe como todos os partidos tradicionais desejariam, do Chega. O resto são trocados, a dividir pela IL, o Bloco, o PCP e as outras formações, esquecem-me agora os nomes.
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Sabe-se (e é mesmo ponto de honra) que a AD vai governar em minoria porque o Chega é dito infrequentável por ser fascista para uns, reaccionário para outros, escasso em quadros respeitáveis e conhecidos, e unipessoal de Ventura. Ademais, o programa já conhecido tem objectivos perigosos (como a concessão às forças de segurança do direito à greve), vários retrógrados como agravamento de molduras penais e criação de crimes novos, inconsistentes como um gigantesco brinde aos reformados com pensões abaixo do salário mínimo sem que se explique convincentemente de onde vêm as receitas necessárias, e até cómicos como “combater a zoofilia e fazer um diagnóstico desta prática em Portugal” (medida 351) ou reconhecer na Constituição os direitos dos animais.
Esta estratégia assenta num gambito: o de que se o Chega se aliar à esquerda para fazer cair o Governo pagará eleitoralmente por isso um pesado preço. Se há coisa que o eleitorado........
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