Trump, um murro no estômago e a nossa apatia fatal
A Europa tem um problema. E cito: “A Europa tem perdido quota do PIB global – desceu de 25 por cento em 1990 para 14 por cento atualmente – em parte devido a regulações nacionais e transnacionais que prejudicam a criatividade e o empreendedorismo”.
Ou melhor: a Europa tem dois problemas. A frase que citei não consta de nenhum relatório europeu, nem sequer de um qualquer documento comunitário que, na sequência do famoso relatório sobre competitividade europeia de Mario Draghi, defenda a eliminação do excesso de leis e regulamentos que atrapalham, quando não inibem, o investimento da Europa.
Ou para ser ainda mais exacto, a Europa tem três problemas, pois a frase que citei integra um documento já proscrito pelas elites europeias: o NSS (National Security Strategy), isto é, o documento oficial da administração dos Estados Unidos onde se definem as prioridades de segurança estratégica do país.
Sejamos francos: este é de facto um documento francamente desagradável para as elites europeias pois é um texto que coloca preto no branco prioridades políticas que há muito eram conhecidas nos Estados Unidos – há várias administrações, e especialmente desde a administração Obama, que Washington dá mais atenção ao que se passa no Pacífico do que à sua frente atlântica –, prioridades que fingíamos ignorar. Com outros presidentes, a lenta mas progressiva separação de caminhos foi sendo disfarçada por uma diplomacia delicodoce; com Trump o que agora lemos – e vale a pena ler o documento na íntegra – chega sem rodriguinhos. Eu diria mesmo que chega como um murro no estômago.
Notemos algumas das passagens mais polémicas (traduções minhas):
“O declínio económico da Europa é eclipsado pelo cenário ainda mais grave de um retrocesso civilizacional”. Porquê? Porque os países europeus têm sacrificado a sua “liberdade política e soberania” a favor de organismos transnacionais, porque as suas “políticas de imigração estão a transformar o continente e a criar conflitos”, porque “as taxas de natalidade entraram em colapso” e porque se regista uma “perda de identidades nacionais e de autoconfiança”.
Qual é o problema deste diagnóstico? É que ele coloca o dedo em muitas das feridas hoje abertas, e bem abertas, na Europa. E o que é que é grave neste diagnóstico? É que, acrescenta o documento, “se estas tendências se mantiverem, o continente estará irreconhecível dentro de 20 anos ou mesmo menos”. E se isso acontecer nessa altura deixa “de ser óbvio que certos países europeus tenham economias e poder........





















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