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Das coisas para as quais não tenho pachorra

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14.10.2025

Por motivos que não vêm ao caso, vivi durante alguns anos junto ao centro de Lisboa, a 5 minutos do Marquês de Pombal. Isto é relevante porque, para além de ter tido acesso privilegiado aos festejos do tetra do Sport Lisboa e Benfica – algo de grande valia -, sofria bastante com tudo o que era manifestação. Eram os professores, eram os alunos, eram os auxiliares, eram os trabalhadores, era o 25 de abril, era o espírito do 25 de abril, eram os fantasmas do 25 de abril e tudo o que acabasse em il. Pelo menos uma vez por mês lá vinha uma importante jornada de luta contra a minha pessoa a desfilar avenida da Liberdade abaixo. Porque não era só a Avenida, era a Rotunda do Marquês e, para quem não sabe, o túnel do Marquês era fechado para estacionar os autocarros dos participantes na jornada. Enfim, uma quantidade estapafúrdia de recursos do público dedicada àqueles que contra ele lutavam.

Isto significava que eu ficava isolado do mundo durante uma tarde, a transpirar ódio contra a causa de tal jornada de luta que, na esmagadora maioria dos casos, eram as políticas de direita, porque os manifestantes eram sempre arregimentados pela mesma organização a quem o voto sempre desprezou nos 50 anos que tanto festejam. E porque é que eu digo que as jornadas de luta eram contra mim? Porque não havia assim tanta gente a morar ali e não me lembro de ver ali nenhum ministro da altura (só um futuro primeiro-ministro). Portanto, o incómodo causado pela manifestação não teria por destino um responsável direto pelo andamento da causa pública.

Adicionalmente, a organização em causa é detentora de inúmeros imóveis no país, incluindo um recinto de festas na zona do Seixal que podia ser usada como “manifestódromo”. Como no Rio de........

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