A tinta verde e o sangue de rinoceronte
“Quem semeia ventos, colhe tempestades”
(Provérbio popular português de origem bíblica)
Vamos à procura deles (alguns estudos, caso de Cabral 2008 – “Cidade e Cidadania”, dão-nos uma ajuda): temos que procura-los, como de resto noutros países, longe do contacto com a natureza, bem no centro das grandes cidades. Mimados, avessos ao risco, com as crises de identidade típicas da idade (já Erikson o definia há várias décadas). Filhos de pais ricos, crescidos numa bolha, alheia à realidade e propícia a ilusões que partilham entre pares.
Ignoram os problemas de base que afligem hoje, como há séculos, a maioria das pessoas que não vivem na bolha – a pobreza, a fome, a saúde, a educação, a segurança, etc. Querciunculazinhas de pobres e incultos. Eles que nasceram neste milénio, numa aldeia global, com internet, tecnologias e informação globais, preocupam-se em grande (ao ponto de adoecerem com ansiedade): os seus problemas – como não têm mais nenhum no seu dia a dia burguês – são os problemas globais.
Rejeitam os conceitos de nação, de soberania, de legitimidade, pelo que reagem pouco a partidos políticos ou a formas democráticas de participação – embora os haja, partidos, oportunistas, a tentar crescer colando com cuspo esta gente cuja única posição política conhecida é o sentimento anticapitalista… E já agora antisistema – partidos cujo histórico de terrorismo do bem, o ativismo do bem, é bem conhecido das gerações de seus pais e avós.
A Nação não os une e religião, que lhes dê qualquer estrutura moral e noções de bem ou mal, não têm. Unem-se antes a causas fraturantes, e enveredam pelo ativismo porque os fins justificam os........
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