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O centro, os extremos e a guerra civil

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29.06.2024

Fez agora um século que o presidente da República Francesa, Gaston Doumergue, entregou a formação do novo governo a Édouard Herriot. Herriot era, desde 1919, o chefe do Partido Radical-Socialista e ganhou as eleições legislativas de Maio de 1924 com uma coligação de esquerdas, o “cartel das esquerdas”.

A regra de Herriot, retomando o mote de Léon Bourgeois, era “pas d’ennemis à gauche”. Porém, os comunistas, os primeiros deputados comunistas eleitos em França, tinham-se recusado a participar na coligação. No “cartel das esquerdas” tinham ficado os radicais independentes, os radicais-socialistas, os republicanos socialistas, os socialistas independentes e os da Secção Francesa da International Operária (SFIO – Section Française de l’International Ouvrière).

Olhando para a França que amanhã vai às urnas nas mais simbólicas e importantes eleições na Europa desde 1945, e para os três blocos – direita nacional, centro e esquerdas moderadas e radicais unidas – que para a semana se vão reorganizar em dois, é importante ter em conta a história próxima.

Macron poderá ser arrogante, deslumbrado até, mas não é estúpido nem suicida. É um qualificado representante da oligarquia sistémica com o currículo clássico: formado na École Nationale d’Administration, foi Inspector de Finanças do Ministério da Economia (2004-2008) e passou pela banca de investimento (Rothschild & Co. Banque­, 2008-2012). Regressou ao Estado como Secretário-Geral Adjunto do Eliseu na presidência do socialista François Hollande (2012-2014) e foi Ministro da Economia e Finanças, sempre com Hollande, a partir de 2014. Em 2017 foi o candidato do sistema a disputar a segunda volta com Marine Le Pen.

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Em 2012, Hollande vencera o incumbente Sarkozy, que representava a Union pour un Mouvement Populaire, um guarda-chuva que abrigava gaulistas do Rassemblement pour la République e giscardianos da Union pour la Démocratie Française. Pretendia-se juntar tudo o que estava entre as esquerdas socialistas e comunistas e o Front National, uma “extrema-direita” que já assustava, com os temidos Le Pen, pai e filha. A verdade é que, em 2012, Hollande acabaria por ganhar a Sarkozy com 51,64% contra 48,36%.

Em 2017, com as desgraças à direita, a Union........

© Observador


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