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França: o dia seguinte

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13.07.2024

Há muito tempo que não via tanta alegria na “frente republicana e antifascista” ressuscitada pela barragem ao Rassemblement National de Marine le Pen e Jordan Bardella. Ver, à hora da abertura das urnas, o núcleo duro do La France Insoumise, presidido pelo Robespierre tonitruante Jean-Luc Mélenchon, foi quase um comovente “ó tempo volta para trás”.

Ah o saudoso Maio de 68!… Eram quase as mesmas caras, o mesmo estilo, as mesmas palavras de ordem, a mesma rectidão de propósitos, a mesma superioridade moral, a mesma arrogância, a mesma intransigência em relação aos “infiéis” (que não os muçulmanos). Mélenchon não desiludiu. Nunca desilude. Depois de ter registado um profundo alívio por ter esmagado, mais uma vez, a incansável “besta fascista” que não pára de se agigantar, passou, de chofre, a atacar o aliado objectivo, o presidente Macron e o seu Centrão, com quem se envolvera num fogacho frentista cujo prazo acabava de expirar. Os verdadeiros extremistas são assim: o inimigo principal é o aliado objectivo da véspera ou o correligionário mais próximo que não está com eles.

A geringonça montada para a segunda volta para evitar o triunfo da “Extrema Direita” e o apocalipse que se lhe seguiria cumprira a sua função: para quê prolongar a agonia daquela efémera união de facto? E tudo resultara no que era uma aparente contradição democrática particularmente favorável aos frentistas: a coligação eleitoral mais votada (o Rassemblement e os Republicanos de Eric Ciotti), com mais de dez milhões de votos populares, ficara, com 143 deputados, atrás do Ensemble macroniano (com seis milhões de votos mas com 166 lugares no Parlamento) e da grande vencedora, a Nova Frente Popular e populista (Verdes, Comunistas, Socialistas e Insubmissos), que, com sete milhões de votos, somava agora 184 lugares. O que é que se podia querer mais?

Porém, a euforia não duraria muito e não só se desfaria no rescaldo das eleições como entraria em combustão interna. Era natural. Para salvar a França e a Europa do “fascismo”, em múltiplos círculos eleitorais, liberais convictos tinham-se retirado e aconselhado os seus eleitores a votar em marxistas insubmissos, cujo programa económico prometia e garantia arruinar a França; ao contrário, houvera tardo-marxistas que também se tinham retirado e........

© Observador


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