Estará a democracia a perder a guerra digital?
Não são tanques nas ruas, nem armas a destruir pontes, centrais elétricas ou edifícios públicos — as infraestruturas visíveis onde a democracia costuma habitar. A sua erosão é mais discreta, mais lenta e, por isso mesmo, mais perigosa. Acontece num espaço que já não é verdadeiramente público, mas que também não é privado no sentido clássico. Um espaço híbrido e omnipresente: o espaço digital, hoje amplamente controlado por plataformas tecnológicas globais como a Meta (Facebook, Instagram), a Google (Search, YouTube), a X, o TikTok, a Amazon ou a Microsoft — empresas que concentram poder político, económico e simbólico sem qualquer mandato democrático.
Durante anos, tratámos a desinformação como um efeito colateral inevitável da internet. Um ruído incómodo, mas tolerável. Hoje sabemos que essa leitura é insuficiente — e enganadora. A desinformação deixou de ser apenas um subproduto do sistema: tornou-se infraestrutura de poder e modelo de negócio altamente lucrativo, integrado no funcionamento quotidiano das redes sociais, dos motores de busca e das plataformas de recomendação de conteúdos.
Maria Ressa, jornalista filipina e Prémio Nobel da Paz, tem sido uma das vozes mais claras e consistentes neste alerta. No livro How to Stand Up to a Dictator (Como fazer frente a um ditador), Ressa descreve como os regimes autoritários contemporâneos já não dependem da censura clássica ou da repressão explícita. Basta-lhes explorar plataformas digitais cujo modelo económico — baseado em publicidade, extração de dados e maximização de engagement — recompensa sistematicamente a mentira, a indignação e o ódio. Os algoritmos amplificam aquilo que gera maior envolvimento emocional; a verdade, lenta,........





















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