Contas certa em tempo de política incerta
O novo mapa partidário, saído das eleições de 10 de Março, oferece-nos um sistema em desequilíbrio, sem que se consiga antecipar como ou quando se vai reajustar num novo equilíbrio, se é que isso vai acontecer sem novas eleições, sejam elas a curto prazo ou num horizonte de dois anos. O processo de eleição do presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado, transmitiu-nos a primeira imagem da instabilidade que nos espera. E que convida a tentações de campanha permanente, em preparativos para novo acto eleitoral.
Como disse, em declarações à RTP, António Filipe o mais antigo deputado em funções que esteve a dirigir a abertura dos trabalhos, o que aconteceu “é um sinal que não é bom”, de que a actual composição do Parlamento é “geradora de instabilidade” e pode estar já a dizer-nos “o que virá aí”.
E se os partidos que até hoje têm sido os pilares da democracia portuguesa, PS e PSD, não começarem a aceitar e a enfrentar com inteligência aquilo que os eleitores decidiram, que foi dar ao Chega o poder de ser o terceiro maior partido, muito próximo deles, em breve teremos novas eleições. E com a eficiência que o Chega tem mostrado, ajudado pela “cerca sanitária” de que foi alvo e que manifestamente apenas lhe ofereceu mais eleitores, poderemos acabar com uma vitória de André Ventura, o resultado eleitoral que a maioria tem tentado combater.
A AD e especialmente o PSD não foi especialmente inteligente neste processo de eleição do presidente da Assembleia da República. Esperemos que tenha aprendido a lição e se reajuste à minoria que tem e aceite o peso e a importância que o Chega ganhou com as eleições. Tal como o PS tem de deixar de alimentar o eleitorado do Chega, como o fez no passado, na sua tática de se perpetuar no poder e que também ela não funcionou. E não pode continuar a fazer do Chega um papão........
© Observador
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