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Qual é a pressa?

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25.08.2024

Por mais que não pareça, as horas são todas desiguais. Nunca se repetem. Raramente se assemelham. Muito poucas acabam por ter o tamanho que deviam ter.

As horas intensas e arrebatadoras parecem repentinas e voláteis. Assim como desabrocham logo se esgueiram para que, a seguir, impacientes, acabarem por fugir. Como se o destino lhes exigisse que tudo o que é bom passe a correr.

As horas enfadonhas, chamando a si aquilo que devia acontecer com as horas intensas e arrebatadoras, são intermináveis. Chegam a doer no corpo. E trazem consigo um torpor de pânico. Tal é a forma como nos parecem carcomir. Da pele, alma adentro, até ao sangue.

Depois, há as horas de expediente. Que raramente são intensas. E que, um ror de vezes, dão a sensação de nos empanturrar com detritos e com lixo. E são de um formato que fica entre o perder tempo, o encher o tempo ou o matar o tempo. Tanto faz. Muitas delas, são horas de trabalho, como se convencionou dizer. Mas talvez a maioria esteja entre as horas de despacho e a modorra. São enfadonhas. Mais do que parecem.

Muitas das horas dos nossos dias são assim. De expediente, claro. A sua toxicidade é tão intensa que, por causa delas, o tempo que nos sobra quase nunca se transforma em tempo livre. A ponto de ser pouco, muito pouco, o tempo que nos damos para viver.

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© Observador


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