O caminho para a liberdade
Como tantos de nós, também eu perdi a conta às vezes em que fui escutando que “a minha liberdade termina onde começa a do outro”. Reconheço que, num primeiro momento, esta “fórmula” sempre me incomodou. Pelas pessoas que fui sentindo que se referiam à liberdade desta maneira. Quase como se sentisse no tom com que o faziam qualquer coisa de: “é óbvio, estúpido!” Como se fizessem da liberdade um slogan com que compunham uma imagem que não corresponderia nem à forma como seriam livres nem ao que não estariam a sentir quando falavam assim da liberdade. Como se uma banalidade como essa fosse só uma afirmação “socialmente correcta”. De alguma supremacia sobre os outros. E pouco mais.
Olhando, agora, para dentro da frase, à margem das pessoas que se referem à liberdade desta maneira, entende-se que “a minha liberdade” não deva sobrepor-se ao espaço e à autonomia do “outro”. Por mais que “a minha liberdade”, interpretada desta maneira, sugerisse que sermos livres é fazermos, sem restrições, tudo aquilo que quisermos. E, sendo assim, entende-se que “a minha liberdade” não possa ignorar a do outro. Ou desconsiderá-la. Mas ao subentender-se que aquilo que me torna livre tem no outro um obstáculo à minha liberdade, logo aí a frase torna-se escorregadia. Porque presume que quanto mais sós mais livres seremos. Quanto mais amigáveis e sociáveis mais restrições acabaremos por ter à nossa liberdade. Mas porque é que não hão-de ser os outros o motivo e a oportunidade para nos sentirmos (mais) livres? Não será que a experiência de liberdade muito mais........
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