menu_open
Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close
Aa Aa Aa
- A +

Educar os pais sequestrando os direitos dos filhos

7 0
28.07.2024

Os bebés não são tão pequeninos como parecem. São inteligentes e são intuitivos. São atentos e são sensíveis. São frágeis e são fulgurantes. E aprendem duma forma brilhante, em função dos estímulos que têm ao seu dispor. Mas precisam de ritmos, de regras e de rotinas que, devidamente alinhados com as suas competências, os levem a transformá-las em recursos e em factores de crescimento. Em nome da verdade, eles serão “Doutores Bebés”. O que nos obriga a deixar de os ver como “tubos digestivos, com um cérebro acoplado. Capazes, unicamente, de reacções reflexas. E a percebê-los como pessoas dotadas de autonomia, de vontade e de intencionalidade. Ao contrário daquilo que, ao longo de gerações, fomos imaginando.

Porque eles são inacreditavelmente inteligentes e, por isso mesmo, bem mais complexos do que a sua fragilidade nos sugere, a forma como se compatibilizam formas de ser e de comunicar tão diferentes como a do bebé e da mãe, não faz da relação dos dois um “piloto automático” que a própria Natureza se encarrega de dirigir. Essa relação precisa de muitos ensaios e de alguns erros para se consumar. A forma como ambos se procuram e dialogam necessita de tempo e duma aprendizagem recíproca. A essa “dança a dois” podemos, realmente, chamar língua materna. Que será aquele formato de comunicação daquela mãe e daquela criança naquele momento. Que faz dele um conjunto de tempos, de gestos, de sinais e de formas de escutar e de conversar irreplicáveis. Que transformam a relação dos dois num momento único.

E, depois, há o pai. Que ao entrar nessa relação de forma participativa traz uma tal alteridade ao bebé e à mãe que leva a que a forma como ele os olha e os perscruta, ou como comunica, ou como traz particularidades que os impede de se “fecharem” um sobre o outro, torna a relação da mãe com o bebé mais aberta, mais competente mais interativa e, sobretudo, mais saudável. No entretanto, a língua materna apura-se, diversifica-se e alarga-se ao pai. Mas tudo exige tempo! Por isso mesmo, as licenças de parentalidade nunca deveriam cessar antes dos seis a oito meses duma criança. E, muito menos, de forma........

© Observador


Get it on Google Play