menu_open Columnists
We use cookies to provide some features and experiences in QOSHE

More information  .  Close

Políticas Culturais para o Século XXI.

6 1
21.07.2025

Ao longo dos últimos cem anos, as políticas culturais evoluíram em resposta às transformações sociais, políticas e económicas, estruturando-se em torno de três grandes paradigmas geracionais: o da conservação patrimonial e centralização estatal, o da democratização e participação cultural, e, mais recentemente, o da governança colaborativa e sustentabilidade. Estes modelos não se sucederam de forma estritamente linear, coexistindo atualmente em processos de sobreposição conceptual e prática.

A primeira geração de políticas culturais emergiu no final do século XIX, com o fortalecimento dos Estados-Nação modernos. Inseridas em ideologias nacionalistas, estas políticas valorizavam a “alta cultura” como expressão da identidade nacional, procurando legitimar o Estado através da criação de museus, arquivos e outras instituições dedicadas à preservação do património material. A sua actuação era fortemente centralizada, com o Estado a assumir um papel tutelar e hierárquico, numa lógica de difusão cultural top-down.

Este modelo, criticado por autores como Pierre Bourdieu e Tony Bennett, acentuava as desigualdades sociais ao favorecer os gostos e as referências das elites, ignorando a diversidade das práticas culturais existentes. A cultura era vista como um instrumento de disciplina social e de integração política, reforçando as normas dominantes e desvalorizando as manifestações culturais populares.

Apesar da sua relevância histórica, esta abordagem demonstrou limitações significativas no reconhecimento da diversidade cultural. Algumas das suas lógicas perduram nas práticas atuais, exigindo uma revisão crítica das políticas ainda hoje influenciadas por essa matriz elitista e vertical.

A partir da década de 1960, especialmente no contexto do pós-guerra e da consolidação do Estado Social, surgiu uma segunda geração de políticas culturais orientada pela........

© Observador