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Trump tem alguma razão, a BBC também

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15.11.2025

Há mais uma crise envolvendo Donald Trump e a BBC. Um documentário da série Panorama editou de forma enganadora um discurso do presidente norte-americano, que ameaça com um processo pedindo mil milhões de dólares. É uma crise reveladora dos nossos tempos de maior polarização política. É reveladora também dos riscos da imprensa de referência, ou da academia, colocar de lado os tradicionais princípios de rigor factual e analítico, porque certos jornalistas ou professores não gostam de um líder político ou de um país e preferem militar nas “boas causas” em vez de se dar ao trabalho de analisar factos. Há, no entanto, um paradoxo. Se, como Trump tantas vezes repete, a imprensa de referência é tão má, está falida e é irrelevante, porque é que o presidente da maior potência global se preocupa tanto com ela, e, neste caso, até com uma instituição que nem é norte-americana?

A BBC não é, realmente, um órgão de comunicação qualquer. Através de vários media é um líder noticioso global com uma audiência média estimada em mais de 400 milhões de pessoas. Como aconteceu em Portugal durante o regime autoritário, em muitas ditaduras – da Birmânia à Coreia do Norte ou ao Afeganistão – a sua emissão de rádio é a única fonte fiável de notícias na língua local. A BBC News está também muito presente nos EUA, com mais de 40 jornalistas e redações permanentes na capital, em Nova Iorque e em Los Angeles. É visível através de uma parceria com a televisão pública norte-americana, transmitindo um noticiário diário feito a partir de Washington D.C. por essa equipa. Tem ainda uma forte presença online. Mais incrível ainda, segundo uma sondagem, a BBC é o órgão noticioso em que mais norte-americanos confiam – só ultrapassada pelo Weather Channel e acima de todos os demais congéneres “nativos”. É isto que explica tanto interesse de Trump pela BBC.

Muito haveria a dizer........

© Observador