O fim do Ocidente?
Muito se tem falado do fim do Ocidente e de uma ordem global pós-ocidental, nomeadamente a propósito da nova estratégia de segurança de Trump que já aqui comentámos. A referência a esse risco de colapso no caso da Europa é mesmo um de muitos exemplos de que este documento de 2025 é radicalmente diferente da estratégia equivalente no primeiro mandato de Trump, de 2017. Ela ilustra também uma das inúmeras contradições do documento, que, ora afirma que a Europa é bem mais forte do que a Rússia, ora que está à beira do colapso. Qual será a verdade? Não se trata, claro, do fim do ponto cardinal, mas do colapso de uma identidade ocidental partilhada de uma comunidade de segurança de Estados euro-atlânticos livres, bem como do conjunto de normas e instituições que eles ajudaram a construir e têm dominado a política global nos últimos séculos. Ora, até por causa da emergência do trumpismo, a questão deve ser seriamente ponderada.
A preocupação recorrente com o declínio não é nova, ela é mesmo típica do Ocidente. É, provavelmente, tão antiga quanto a queda do Império Romano — cuja divisão numa parte ocidental e noutro oriental levou à emergência do Ocidente como etiqueta política relevante. A queda de Roma nunca deixou de assombrar os seus herdeiros civilizacionais nos múltiplos Estados criados por europeus, aquém e além-mar. No entanto, o temido colapso do Ocidente — que, sobretudo a partir do Grande Cisma de 1054, passou a designar também a Cristandade latina, católica face às igrejas orientais e ortodoxas — nunca se confirmou. Não se concretizou sob a forma milenarista do Apocalipse. Não se concretizou nas versões seculares, por exemplo, de Oswald Spengler. Não se concretizou, na década de 1980, em que tivemos uma vaga de teses, por exemplo de Paul Kennedy, sobre a queda possível do Ocidente. Na verdade, quem caiu foi mesmo o Leste, a União Soviética e o seu bloco. É uma preocupação tão característica do Ocidente que levou ao surgimento do neologismo inglês: declinism, o declinismo.
A Europa Ocidental tem, na verdade, dos Estados mais antigos e resilientes da história, possivelmente porque esse receio ajudou a mobilizar respostas à ameaça de declínio e colapso. O Ocidente europeu conseguiu recuperar da maior pandemia conhecida: a Peste Negra do........





















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