O antídoto para a infidelidade
A infidelidade acompanha a história das relações humanas como uma sombra incómoda. Está presente em casais heterossexuais, homossexuais, bissexuais, em qualquer relação que envolva afeto, desejo, intimidade e compromisso. Mesmo quando nunca chega a ser consumada, vive no território do pensamento, da fantasia, da curiosidade, do “e se…”. E, ainda que ninguém o confesse abertamente, quase toda a gente sabe, no seu íntimo, que a infidelidade não é uma exceção estatística, é uma inevitabilidade programada no ADN das relações humanas.
Ao longo do tempo fomos estetizando e moralizando este fenómeno. Chamamos-lhe traição, pecado, falha de carácter, fraqueza. Ou, no sentido oposto, celebramos a aventura, a libertação, a quebra das regras. Muito raramente fazemos a pergunta que incomoda verdadeiramente: porque é que, numa espécie que se organiza culturalmente em modelos monogâmicos, a infidelidade é tão recorrente e tão persistente?
Do ponto de vista da história evolutiva, a monogamia está longe de ser uma condição óbvia da espécie humana. Se observarmos outras espécies e se recuarmos ao funcionamento básico dos mecanismos de sobrevivência, vemos um padrão bastante diferente.
Na lógica mais crua da evolução, a fêmea procura o melhor macho possível, não no sentido romântico, mas no sentido da sobrevivência da descendência. Procura o mais forte, o mais adaptado, o que oferece melhores probabilidades de que os seus filhos sobrevivam e prosperem. O macho, por sua vez, procura disseminar a sua carga genética no maior número possível de fêmeas, para maximizar a probabilidade de que a sua linhagem perdure.
Se traduzirmos isto para a linguagem contemporânea, o que antes era força física, hoje pode ser também inteligência, estatuto, segurança económica, capacidade de proteção emocional, acesso a recursos, redes sociais, reputação. As “melhores características” mudam ao longo da história e variam de cultura para cultura, mas a lógica profunda não desaparece.
Este impulso básico, que poderíamos chamar promiscuidade programada para a sobrevivência, está gravado na nossa biologia. Não significa que estejamos condenados a vivê-lo, significa apenas que ele existe como possibilidade inscrita no nosso ADN.
A monogamia, por outro lado, resulta de um longo processo de construção social. Serviu e serve para organizar heranças, garantir filiações, estabilizar estruturas familiares, reduzir conflitos violentos pela disputa de parceiros, criar previsibilidade numa comunidade. As religiões, os códigos morais e as leis civis reforçaram esta construção porque ela facilita a ordem........





















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