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O declínio da cultura geral no século XXI

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16.11.2025

Vivemos um tempo de grandes transições, um tempo de policrise, risco sistémico e efeitos externos muito assimétricos. Na aldeia global tudo está em movimento, em todo o lado e ao mesmo tempo. A colisão parece iminente. Por um lado, assistimos em direto à queda das instituições internacionais da ordem liberal e multilateral do pós-guerra, por outro, à ascensão das Grandes Tecnológicas e dos Grandes Fundos, uma santa aliança entre o capitalismo tecnológico e o capitalismo financeiro que prefere e promove a ascensão de políticos plutocratas e autocratas.

Chegámos a um verdadeiro ponto de disrupção na aldeia global em que vivemos. Os regimes de liberdade, igualdade e fraternidade da democracia política liberal estão em risco, cada vez mais ingovernáveis devido à pulverização do espetro político-partidário que se deixou contaminar por programas não liberais que não cumprem a mesma lógica de ação coletiva liberal e institucional. Estamos em plena sociedade da informação e da comunicação, temos, por isso, de evitar que se opere uma inversão nos termos da equação socioeducativa e sociocultural, ou seja, que não sejam os meios tecno-digitais (as redes sociais, os aplicativos e o consumismo digital) a determinar a intencionalidade, os fins, o propósito e o sentido do comportamento humano. Face a uma desigualdade social que cresce todos os dias e aliena os mais jovens, só a educação e a cultura em sentido amplo podem constituir-se em uma espécie de caixa de ferramentas para lidar com os problemas existenciais atuais, criar um reportório de opções e um novo esquema de cooperação cognitiva de largo espetro, da teoria e da criação ao impacto social.

Sabemos, igualmente, que a modernidade segmentou, especializou, profissionalizou, em primeira instância a filosofia, depois o saber e a ciência, mas também sabemos que há limites para essa especialização, que gerou muitas zonas cinzentas e externalidades negativas sobre a sociedade, a natureza e a cultura. Hoje, na aldeia global e perante o risco sistémico iminente, é imperioso reagrupar os saberes, recompor as competências, refazer as mediações e promover um regresso aos bens comuns, o terreno de eleição da natureza, da cultura, da ciência e da política. Dito isto, eis uma brevíssima descrição do estado da arte no que diz respeito a este tempo de disrupção na........

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