FMM Sines: da música do mundo ao monólogo militante
Durante a última década, participei com entusiasmo no Festival Músicas do Mundo, em Sines. Sempre o encarei como uma rara celebração da diversidade cultural, onde a música servia como ponte entre povos, histórias e geografias distintas. Era um espaço de encontros improváveis, onde a língua do som substituía a linguagem do confronto ideológico. Este ano, pela primeira vez, decidi boicotar o festival. Não porque me tenha em grande conta, nem porque ache que a minha ausência terá qualquer impacto na vida da organização. Fi-lo apenas como sinal pessoal de protesto, como gesto íntimo de recusa cívica. Senti que já não participava num festival plural, mas num evento ideologicamente fechado, onde a música se tornou pano de fundo para uma determinada visão política do mundo.
O FMM tem vindo a transformar-se, de forma cada vez mais evidente, num palco de curadoria política monocromática. Em vez de acolher a complexidade das vozes do mundo, o festival parece hoje empenhado em amplificar apenas algumas vozes, sempre alinhadas com as mesmas posições ideológicas. A edição deste ano foi particularmente reveladora desse desvio. Um dos momentos mais emblemáticos foi o chamado “debate” sobre imigração. O cartaz do evento sugeria um espaço de reflexão, mas a realidade foi outra. Todos os intervenientes estavam de acordo em praticamente tudo, partilhando as mesmas........





















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