Lembrar António Sérgio e a decadência portuguesa
As eleições que se avizinham são propícias a lembrar um conceito operatório e com lastro na cultura portuguesa: o conceito de «decadência», primeiramente pensado – isto é, concebido enquanto problema ancilar da nossa vida coletiva, social e politicamente considerada – pela Geração de 70, mas cujos germes estão no pensamento de Garrett no seu Portugal na Balança da Europa, de 1830. Decadência: conceito que foi, entre outros, estudado também pela mais alta personalidade intelectual da primeira metade do século passado, António Sérgio (1883-1969), o célebre autor dos Ensaios, o da Breve Interpretação da História de Portugal (1972), discípulo de Antero (1842-1891) e de Herculano (1810-1877), todos eles devedores do compromisso ético de Almeida Garrett (1799-1854).
Decadência: conceito que igualmente se torna central no pensamento europeu de finais do século XIX e nas primeiras décadas de novecentos. Decadência como traço da modernidade: de Baudelaire a Nietzsche, do autor de Zaratustra a Oswald Spengler, de Shopenhauer a Cioran. Decadência como processo de queda, de esfacelamento das instituições, de estado mórbido de um povo, ou de um continente; conjuntos sociais e culturais incapazes de gizar um plano de ação realista que os libertem do torpor, da alienação, da ignorância e da corrupção moral em que vivem atolados. Tudo isso será decadência, isto é, degenerescência, esboroamento. Para Antero, as causas da nossa decadência dever-se-iam a questões políticas (centralismo do poder em Lisboa e perda das liberdades municipais e subsequente........





















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