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A constelação turístico-cultural e a economia criativa nas ABD

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08.07.2024

Quem visita o chamado interior do país e as suas áreas de baixa densidade (ABD) não pode deixar de ficar surpreendido com a crescente visitação turística, a explosão de eventos de todos os géneros que aí se realizam e, em consequência, a animação da economia e do comércio local. A questão essencial nesta altura é saber se esta constelação turístico-cultural, em conjunto com as suas múltiplas ramificações na economia local e regional, são devidamente refletidas e exploradas para articular e estruturar novas economias de rede e aglomeração, em especial, transportando para as fileiras económicas e as cadeias de valor da economia produtiva das ABD toda a criatividade e inovação que aquela associação virtuosa entre turismo e cultura nos pode proporcionar.

Dito isto, não há, em boa verdade, uma resposta única para esta questão fundamental. Por várias razões. Em primeiro lugar, a grande volatilidade da procura externa que é própria do mercado turístico-cultural, em segundo, o limiar mínimo de escala e massa crítica de recursos que é necessário reunir nas ABD, em terceiro, os problemas levantados pela sazonalidade e intermitência destas atividades, em quarto, o frágil tecido empresarial nas ABD e a sua baixa intensidade-rede, finalmente, as singularidades e especificidades da economia das atividades criativas e culturais, em especial, o seu particular simbolismo histórico-cultural, a sua maior ou menor capilaridade social e a natureza das interações com as outras dimensões da sociedade. Seja como for, este boom turístico e esta explosão de eventos culturais e criativos são um excelente input de desenvolvimento para as ABD e convertem a economia criativa, em sentido amplo, como um instrumento fundamental de inovação e coesão territorial.

Neste contexto, e estou a pensar nas redes urbanas e comunidades intermunicipais, a economia criativa pode ser definida como um ecossistema de atividades culturais e criativas e esta definição está muito próxima daquela que os ambientes naturais e os respetivos ecossistemas representam para todos os seres vivos. A ideia de ecossistema natural é, de resto, uma excelente analogia para entendermos a arte, a cultura e as atividades criativas, bem como todo o seu universo simbólico e imaterial. Na verdade, o meio ambiente, por via do seu metabolismo e capilaridade particulares, favorece a existência e o desenvolvimento de diversas formas de vida, a sua biodiversidade e interações múltiplas. Do mesmo modo, no plano da economia criativa, o ambiente de liberdade, tolerância e criatividade favorece e estimula o desenvolvimento da diversidade cultural, o florescimento das artes e todas as........

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