Lucília Gago não está acima da lei
Às vezes surpreende-me a nossa apatia coletiva perante ataques continuados ao estado de direito. Nos últimos dias, parte do país esteve ocupado com jogos de futebol do campeonato europeu, outra parte com um festival de música. Termos tido um cidadão sob escuta pelo Ministério Público durante quatro anos seguidos não suscitou nem preocupação, nem indignação, nem escândalo. Quatro anos, sem motivo, sem justificação, num procedimento que é, em tudo, e perdoem-me a falta de papas na língua, pidesco.
Os episódios de abuso de poder e de ataque ao estado de direito protagonizados pelo Ministério Público não são de hoje. Mas a cada dia que passa adensam-se, agravam-se e, pior, normalizam-se. Detenções e buscas para as quais se convocam os órgãos de comunicação social, fazendo da investigação um circo e alimentando uma ignóbil justiça popular que desrespeita os mais elementares direitos dos cidadãos, sejam ou não suspeitos, sejam ou não arguidos.
Anos e anos de fugas regulares de informação para os jornais, em particular para o “Correio da Manhã”, em claríssimas violações do segredo de justiça, sem que o Ministério Público venha explicar a todos os portugueses que há criminosos dentro da sua estrutura que têm uma prática reiterada de violação de um direito........
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