Quantas temporadas seriam necessárias para contar a história e fazer justiça no caso BES?
Trinta e cinco anos depois da condenação Lyle e Erik Menendez, que protagonizaram um dos mais famosos homicídios do final do século XX, a Netflix reacendeu a história destes irmãos com a série "Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez". Não deixando a chama apagar, a plataforma de streaming apostou ainda na versão documentário, tendo conquistado o primeiro lugar do top mundial, chegando a liderar mais de 50 países. Entre ângulos, reflexões profundas, o mix realidade e ficção, certo é que o impacto foi muito maior que um mero conteúdo de entretimento: perto de quatro décadas depois, está em cima da mesa a análise de reabertura do caso dos dois irmãos que mataram os seus pais numa mansão da, até então, pacata Beverly Hills.
Para além de refletir sobre o impacto que estes conteúdos podem ter no curso da história (pelo menos jurídica), é quase inevitável que, em plena fase de arranque do julgamento de um dos maiores crimes económico-financeiros em Portugal, não se transponha para o plano nacional o que uma série ou documentário poderia fazer pelo caso BES/GES e, acima de tudo, pelas suas vítimas e lesados.
Mas aqui, talvez o maior desafio, seria a sua extensão pois não falamos de dois arguidos. Falamos de 16. Sim, porque, desengane-se quem pense que este megaprocesso deva versar apenas sobre Ricardo Salgado: há 16 pessoas que chegaram a arguidos, sem contar com as dezenas e centenas de gestores de conta que aliciaram clientes com produtos bancários compostos do BES – alguns destes nem sequer autorizados em Portugal.
As 1994 vítimas do maior crime económico-financeiro do país depositaram a sua confiança abnegada nos seus pontos de contacto e gestores de carteira, muitos deles sem capacidade – académica e técnica - de fazer uma escolha informada. Apenas confiaram, pois confiam no estado de direito no país,........
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