Se abortar é matar, então as mulheres que têm abortos espontâneos são assassinas involuntárias?
Rascunho
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Não me admira nada que com o conservadorismo de direita em voga, o direito ao aborto seja constantemente questionado, sendo que o é maioritariamente por homens. Tudo isto é apenas mais um conto de tentativa de controlo da vida das mulheres (até porque só faz uma Interrupção Voluntária da Gravidez quem a quer). Se o feto é carregado num útero, se é parido por quem o carrega, a decisão de continuar ou não uma gravidez tem de ser da pessoa que ativamente está grávida. E, não nos esqueçamos, que no prazo legal para efetuar um IVG, comprovadamente, o feto não sente qualquer dor.
Já escrevi bastante sobre este assunto, mas volto a referir. A gravidez pode acontecer em qualquer relação sexual quando envolve pessoas férteis, uma com vagina e útero e outra com pénis. Mesmo tomando todas as precauções, se não houver um conhecimento do ciclo e dos dias férteis da mulher, é possível engravidar. Apelar à abstinência de quem não quer ter filhos em relações hetero, para além de ser inocente, pode até ser nocivo para a saúde mental das pessoas.
Tendo em conta a crónica publicada no passado dia 29, de autoria de Mário Pinto, este assunto volta a estar na mesa de discussão. O Professor baseia-se, literalmente, em argumentos considerados verdadeiros no século passado e de há dois séculos, a partir de uma premissa que por si só já é muito duvidosa: para Mário Pinto, fazer um aborto é matar. Se abortar é matar, então, ter um aborto espontâneo é ser culpada de um assassinato involuntário? Foi precisamente este tipo de pensamento que levou várias mulheres em El Salvador a serem condenadas a pena de prisão por terem........© Expresso
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