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O que a medicina ainda não aprendeu sobre descansar

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Existe algo profundamente contraditório na forma como a medicina lida com o descanso. Sabemos, com abundância de evidências, que o corpo precisa de pausas para se recuperar, adaptar e funcionar melhor. Prescrevemos repouso, falamos de recuperação muscular, de sono reparador, de controle do estresse. Mas, quando o assunto é o nosso próprio ritmo, e o da sociedade como um todo, o descanso segue tratado como luxo, fraqueza ou perda de tempo.

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No fim do ano, essa contradição fica ainda mais evidente. Dezembro chega carregado de promessas de pausa, férias, celebração. Mas, na prática, o que vemos é o oposto: agendas espremidas, cirurgias “antes que o ano acabe”, pacientes mais ansiosos, médicos mais cansados. Um cansaço que não aparece em exames de imagem, mas transborda na consulta, no centro cirúrgico, na tomada de decisão.


A medicina moderna avançou enormemente em tecnologia, precisão diagnóstica e opções terapêuticas. Evoluímos em robótica, inteligência artificial, técnicas minimamente invasivas. Mas seguimos surpreendentemente atrasados quando o tema é descanso, não apenas como pausa física, mas como componente essencial de saúde.

Um dos erros mais comuns é confundir descanso com inatividade absoluta. O corpo humano não foi feito para alternar apenas entre sobrecarga e imobilidade. Descansar é modular carga, não eliminá-la. É permitir que tecidos se adaptem, que sistemas se reorganizem, que o cérebro desacelere sem........

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