1. Por decisão do Chefe de Estado há eleições no próximo dia 10 de março.

Somos chamados a escolher os que consideramos serem os melhores para dirigirem os destinos do país. E os melhores são os considerados mais competentes, mais conscientes, mais honestos, mais responsáveis.


2. A escolha deve ser feita por cidadãos devidamente esclarecidos.

Porque, na prática, nos encontramos em plena pré-campanha eleitoral, isto significa que temos o dever de ir conhecendo os que se perfilam para se apresentarem a sufrágio. Conhecer os seus planos e as suas capacidades. Respeitando o legítimo direito à privacidade, tomar conhecimento do que têm feito e como; do que deixaram de fazer e porquê.

Um indivíduo que, notoriamente, não foi capaz de gerir os seus negócios como vai gerir bem os da comunidade? Um indivíduo que tem um difícil relacionamento com a verdade, que facilmente dá o dito por não dito, que não respeita os compromissos assumidos, que anda ao sabor dos ventos e das conveniências, que demonstra não ter convicções firmes, como poderá vir a merecer a confiança do eleitorado?


3. Os cidadãos são chamados a escolher os melhores mas é necessário que os melhores aceitem ser escolhidos. Os oportunistas facilmente se colocam em bicos de pés enquanto os realmente capazes, às vezes, se encolhem.

Apresentar-se a sufrágio e participar ativamente na vida da comunidade, empenhando-se na busca do bem comum, é dever de todo o cidadão consciente.

A católicos praticantes que fogem da política lembro que esta pode ser uma das melhores expressões da caridade fraterna, como escreveu Paulo VI penso que na encíclica Ecclesiam Suam.

O Relatório do Sínodo tornado público em fins de outubro lembra que «os cristãos têm o dever de esforçar-se por participar ativamente na construção do bem comum e na defesa da dignidade da vida, inspirando-se na doutrina social da Igreja e agindo de diversas formas (compromisso nas organizações da sociedade civil, nos sindicatos, nos movimentos populares, no associativismo de base, no campo da política, etc.)».

A forma como alguns exerceram a atividade política contribuiu para a descredibilizar. É verdade. Mas o bem comum exige dos Cidadãos com maiúscula um esforço no sentido de a reabilitarem.


4. Na escolha dos melhores assumem particular importância os diversos líderes partidários, sobre quem recai a responsabilidade da elaboração das listas a apresentar a sufrágio.

Saibam convidar os que realmente podem servir, com competência e honestidade, o bem comum. Saibam rejeitar quem se pretende servir ou pavonear em vez de servir com dedicação. Saibam resistir ao compadrio e a qualquer espécie de interesses pessoais.

Nas listas a apresentar ao eleitorado não deve haver lugar para oportunistas ou corruptos.

A política é uma atividade demasiado séria para ser exercida por qualquer aventureiro. Não deve ser refúgio para indivíduos bem falantes que, além do palavriado, nada mais têm para dar à comunidade.


5. Uma sociedade saudável exige a existência de políticos bem formados. Que não percam tempo com coisinhas ou tricas partidárias mas se concentrem no essencial. Que saibam ouvir quem pensa de maneira diferente. Que mantenham a sua personalidade e atuem de harmonia com as próprias convicções, tendo sempre em vista o bem comum.

Que vivam a consciência de que não possuem o monopólio da verdade e que a solução para os diversos problemas pode estar na síntese de diversas verdades construída através do diálogo. Que saibam ceder e pôr de lado interesses partidários sempre que a defesa do bem comum o exija.


6. Em tudo isto ocupa também lugar de relevo a Comunicação Social, mas uma Comunicação Social tanto quanto possível independente e livre. Onde a isenção assenta arraiais.

Só uma Comunicação Social verdadeiramente desenfeudada pode contribuir para que o eleitorado seja devidamente esclarecido.

QOSHE - Para escolher os melhores - Silva Araújo
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Para escolher os melhores

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11.01.2024

1. Por decisão do Chefe de Estado há eleições no próximo dia 10 de março.

Somos chamados a escolher os que consideramos serem os melhores para dirigirem os destinos do país. E os melhores são os considerados mais competentes, mais conscientes, mais honestos, mais responsáveis.


2. A escolha deve ser feita por cidadãos devidamente esclarecidos.

Porque, na prática, nos encontramos em plena pré-campanha eleitoral, isto significa que temos o dever de ir conhecendo os que se perfilam para se apresentarem a sufrágio. Conhecer os seus planos e as suas capacidades. Respeitando o legítimo direito à privacidade, tomar conhecimento do que têm feito e como; do que deixaram de fazer e porquê.

Um indivíduo que, notoriamente, não foi capaz de gerir os seus negócios como vai gerir bem os da comunidade? Um indivíduo que tem um difícil relacionamento com a verdade, que facilmente dá o dito por não dito, que não respeita os compromissos assumidos, que anda ao sabor dos........

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