“Muita parra pouca uva” é um adágio popular que serve como uma luva para a figura política de Pedro Nuno Santos.

Aliás esta candidatura socialista que se apresenta às eleições é um contrassenso e percebe-se que o PS aprendeu muito pouco com José Sócrates.

Então um ministro demitido por incompetência, sem trabalho relevante a apresentar, que ainda há poucos meses estava cansado de 7 anos de atividade governativa, segundo argumentou na altura, é que é candidato a Primeiro Ministro ?

Faço este desafio ao leitor: consegue enumerar algumas medidas relevantes do ex ministro Pedro Nuno Santos para Portugal ?

Tudo o que vem à memória é só leviandade no uso de dinheiro públicos, falta de estratégia, mudanças de opinião conforme o vento e mesmo resultado péssimos da sua ação.

Pedro Nuno Santos, quando foi ministro, teve o pelouro da habitação, tendo sido precisamente durante esse período que a crise de habitação, agravada no governo da geringonça, chegou ao ponto a que chegamos hoje. Crise, aliás, sem solução por este governo uma vez que a trata de acordo com sua ultrapassada ideologia, o que agrava ainda mais.

Na questão do aeroporto então é algo completamente inverosímil: eu convido o leitor a tentar ler o rebuscado e incompreensível despacho 7980-C/2022, de 29 de junho, o tal célebre despacho do aeroporto que Pedro Santos fez o seu Secretário de Estado assinar. Neste confuso despacho não são defendidos dois aeroportos, mas três, considerando que defende a feitura de obras no atual aeroporto. Portugal, se esta decisão tivesse sido cumprida, ficaria então com três aeroportos durante bastante tempo: o da Portela, o de Montijo e o de Alcochete.

Basta ler o despacho que citei, está lá tudo.

O que se denota desta atitude governativa do então ministro é decisão sem critério, imponderada, sem base de apoio que sustente, numa problema crucial para o desenvolvimento de Portugal e na qual se vão gastar oceanos de dinheiro.

Além disso, é sinal do radicalismo do atual Secretário Geral do PS. Tentou impedir que a decisão sobre o novo aeroporto tivesse lugar com a participação do PSD, contrariamente ao que o seu Primeiro Ministro e então Secretário Geral do PS tinha decidido acordar com o Presidente do PSD e candidato a Primeiro Ministro, numa questão crucial para o estado português.

Se Pedro Santos dirigisse um governo como seriam as suas decisões dado o seu exemplo anterior? Afinal que sentido de estado tem este homem?

Por outro lado, na questão da TAP nada mais errático, sem rumo, sem critério. Quem não se lembra das suas declarações de que a TAP tinha de ser pública – até porque era crucial para 3000 empresas portuguesas, passando a defender a entrada de capital privado? Então num dia defende-se uma posição com unhas e dentes e no outro dia, isso já de nada vale ? Quem se lembra da indemnização – sem justificação pública que o valha – para indemnizar o anterior patrão da TAP David Neeleman com 55 milhões de euros, além de indemnizar por wathsapp em meio milhão de euros Alexandra Reis que depois foi convidada para o governo?

Então, Pedro Nuno Santos protesta muito com os sacrifícios impostos aos portugueses derivados da bancarrota socialista mas tenta desculpar-se do investimento coletivo – e ilegal – na TAP perante as condições deficitárias da empresa ? Então o que não vale nada num caso, já vale muito no outro, só porque lhe convém ?

Do ponto de vista pessoal então as trocas de carro de alta cilindrada só porque acha errado do ponto de vista político, reflete uma cabeça confusa e algo atabalhoada.

Na vertente mais política Pedro Nuno Santo tem uma vantagem. Não há duvidas sobre a posição radical do partido socialista cuja preferência é ter apoio governativo dos partidos mais radicais da esquerda portuguesa.

Há aqui um detalhe muito importante a considerar como aliás Nuno Morais Sarmento referiu no último congresso do PSD: uma coisa é ter um governo da geringonça como única hipótese de se manter no poder cuja relação é estabelecida – como muito bem exigiu o Presidente Cavaco Silva – mediante acordos escritos, outra coisa completamente diferente, é ter uma geringonça por opção.

Desejar, ou seja, optar, por um governo com apoio parlamentar ou de governo entre os partidos da geringonça significa uma deriva esquerdista para Portugal incompatível com os valores da democracia, da posição europeísta e atlântica de Portugal, de um desenvolvimento económico assente no mercado com controle do estado nas suas funções essenciais, no primado da pessoa humana , no individuo e na organização da sociedade.

Nisto de facto, justiça seja feita. Pedro Nuno Santos, distingue-se, muito para pior, da prática política José Sócrates.

Quanto ao resto – e não me refiro ao campo pessoal que não é para aqui chamado – não vejo diferença nenhuma entre os dois políticos: No despesismo, na falta de estratégia, na ideias da grandezas, na falta de ponderação e maturidade, de manter o poder pelo poder e não como instrumentos para reformar e desenvolvimento de Portugal, nisso, estes dois políticos são muito iguais. Aliás por alguma coisa Pedro Nuno Santos foi adepto defensor de José Sócrates.

Aliás o que leva a pensar: afinal que valores o PS defende para o governo de Portugal quando nada ainda aprendeu com os erros anteriores ?

QOSHE - O homem parecido com José Sócrates - Joaquim Barbosa
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O homem parecido com José Sócrates

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20.12.2023

“Muita parra pouca uva” é um adágio popular que serve como uma luva para a figura política de Pedro Nuno Santos.

Aliás esta candidatura socialista que se apresenta às eleições é um contrassenso e percebe-se que o PS aprendeu muito pouco com José Sócrates.

Então um ministro demitido por incompetência, sem trabalho relevante a apresentar, que ainda há poucos meses estava cansado de 7 anos de atividade governativa, segundo argumentou na altura, é que é candidato a Primeiro Ministro ?

Faço este desafio ao leitor: consegue enumerar algumas medidas relevantes do ex ministro Pedro Nuno Santos para Portugal ?

Tudo o que vem à memória é só leviandade no uso de dinheiro públicos, falta de estratégia, mudanças de opinião conforme o vento e mesmo resultado péssimos da sua ação.

Pedro Nuno Santos, quando foi ministro, teve o pelouro da habitação, tendo sido precisamente durante esse período que a crise de habitação, agravada no governo da geringonça, chegou ao ponto a que chegamos hoje. Crise, aliás, sem solução por este governo uma vez que a trata de acordo com sua ultrapassada ideologia, o que agrava ainda mais.

Na questão do aeroporto então é algo completamente inverosímil: eu convido o leitor a tentar ler o rebuscado e incompreensível despacho 7980-C/2022, de 29 de junho, o tal célebre despacho do........

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