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Casino: 7º - a reviravolta

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09.04.2024

Teresa A. Ferreira

Viu que os quadros tinham sido recuperados, assim como outros objetos, embora se tenha perdido o rasto de alguns. Ficou em silêncio, a voz embargada, sentiu vergonha de si e, ao mesmo tempo, viu o quão grande era o amor dos pais e da Júlia por ela. Nunca a abandonaram. As lágrimas banhavam-lhe o rosto, alvo e magro. Um frio no estômago visitou-a – era ansiedade. Tomou um ansiolítico com água, tal como aprendera na clínica, e sentou-se no sofá, respirando calmamente.

A sua querida Júlia preparara o seu prato favorito: serviu floretas com salada camponesa, caldo verde, lulas recheadas a acompanhar com puré e brócolos. Fez bolo de amêndoa e pudim francês para sobremesa.

Os pais ficaram responsáveis por ela para que tomasse a medicação e não faltasse às injeções mensais, nem às consultas com o psiquiatra, nem à psicoterapia.

O cartão multibanco não voltou a vê-lo. Saídas apenas com os pais e muito cuidado com as amigas. Os pais sentiram que tinham de reeducá-la para viver no mundo sem adições.

A princípio não aceitou que desenvolvera a perturbação bipolar. Achava que andava tudo louco. Com a introdução e ajustes sucessivos da medicação, para a estabilizar e ter qualidade de vida, passou a aceitar melhor a doença ao fim de muitos meses.........

© Diário de Trás-os-Montes


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