Os Olímpicos e o retrato de quem os organiza
A utilização dos Jogos Olímpicos, na “era moderna”, como forma de propaganda dos Estados que os organizam é um clássico que vem desde a Alemanha de Hitler. Os JO de 1936 foram mesmo os primeiros a ter os resultados a serem transmitidos por telex em tempo real para os media e com cobertura televisiva, com transmissão para salas de cinema especialmente equipadas na cidade de Berlim (e com potência suficiente para poder ser, eventualmente, o primeiro sinal rádio de TV interestelar da Humanidade - algo que Carl Sagan virá a utilizar com especial efeito dramático no seu livro de ficção, adaptado a filme com o mesmo nome, Contacto).
O Reich usou com êxito os Olímpicos de 36 para promover a superioridade tecnológica alemã (ainda que lhes tenha saído o tiro pela culatra quanto à “supremacia ariana”, em especial por terem de mostrar ao mundo as imagens do negro norte-americano Jesse Owens a vencer quatro Medalhas de Ouro, nos 100 e 200 metros, nas estafetas e no salto em comprimento. E, pelo caminho, inventaram a “cerimónia de abertura” dos JO.
Desde então, cada país organizador faz por mostrar ao mundo - num evento que se pretende desportivo, mas que é obviamente político - quão superior é relativamente aos restantes. Os JO de Tóquio1964, por exemplo, foram os primeiros a serem transmitidos em direto através de satélite para a Europa e América do Norte, inaugurando a cobertura televisiva moderna........
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