Na solidão de Philippe Sollers
Numa pesquisa rápida em algumas das maiores plataformas de venda de livros, procuro obras de Philippe Sollers (1936-2023) traduzidas em português. O resultado é eloquente: zero. Sinto-o como um eco incauto de muitos obituários rotineiros e indiferentes que deram conta do seu desaparecimento em meados deste ano - faleceu em Paris, no dia 5 de maio, contava 86 anos.
Se eu disser que considero Sollers um dos escritores e pensadores fundamentais da nossa contemporaneidade - o seu primeiro romance, Une Curieuse Solitude, surgiu em 1958 -, corro o risco de atrair mais um desses jogos florais "pró & contra" que todos os dias parasitam o nosso espaço (dito) de comunicação. Escusado será dizer que não tenho gosto em alimentar qualquer infantilismo do género. Além do mais, seria contrário à matéria e ao espírito da escrita de Sollers, autor sempre empenhado em denunciar a chantagem da regra, procurando escutar as razões, mesmo as menos razoáveis, da exceção.
O Acrobata (1930), de Pablo Picasso.
Não por acaso, um dos seus livros de ensaios intitula-se Théorie des Exceptions (1986). Nele encontramos uma antologia de reflexões sobre as heranças de escritores,........
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