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O triunfo da violência no País Basco

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28.04.2024

Nos dois últimos séculos o terrorismo escreveu uma história de fracasso ético, mas também de clamoroso fracasso político. A imensa maioria das organizações desapareceu sem alcançar os objectivos a que se propôs, quase sempre colapsando num vazio sem glória. Os grupos contemporâneos parecem trilhar um caminho semelhante.

O paradoxo é inescapável: sobrevive uma estratégia que não funciona. Hoje, como no passado, o terrorismo alimenta épicas revolucionárias e seduz candidatos ao martírio. Continua agarrado a teses milenaristas e a louvar as virtudes transformadoras da violência. Ainda que o fracasso seja a regra, não se anteveem sinais de extinção.

Esta contradição, na aparência insanável, começa a resolver-se quando analisamos as etapas pós-terrorismo, em particular nos países onde a violência serviu causas nacionalistas. Percebemos que, mais do que atingir objectivos, as organizações procuraram impor mutações sociais e culturais que favorecessem o triunfo num futuro a determinar.

Lutaram por mudanças que tornassem o seu ideário uma inevitabilidade. Por outras palavras, não quiseram atravessar a linha de meta, mas colocá-la a uma distância mais curta e formar quem a pudesse cruzar a prazo.

O País Basco é um bom exemplo. Em 2018, a ETA dissolveu-se por pura necessidade. Perdera capacidade operacional, financiamento e coesão. Agigantou-se a impaciência nas fileiras e a cúpula da organização ficou sitiada pela crítica. Em 2007, um operacional resumiu o problema: “A quantidade e qualidade dos nossos atentados é penosa.” Existir sem poder condicionar a actuação do Estado tornou-se humilhante. No ano seguinte, em declaração sem precedentes, os braços militar e logístico queixaram-se de falta de direcção: “Encontramo-nos numa situação de colapso........

© Diário de Notícias


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