A imigração tem sido um dos temas mais presentes nas discussões públicas em Portugal, na Europa e no Mundo.

Todos se dizem favoráveis a uma política de acolhimento a esta imensa multidão de pessoas que fogem à vida de miséria que têm nos seus países de origem e procuram novas vidas em países mais desenvolvidos, aonde acreditam ter uma oportunidade de viver com um mínimo de dignidade.

Todos afirmam também que a única forma de resolver esta desesperada e perigosa caminhada de todos estes migrantes será através de um investimento sério nos seus países de origem, de modo a aí melhorar as suas condições de vida e evitando abandonar os seus lares.

Contudo, ninguém fez nada em relação a nenhuma das duas soluções - e a imigração continua a ser promotora de uma das maiores crises humanitárias a que assistimos.

Na realidade, na maioria das vezes em que ouvimos falar sobre o acolhimento, apenas se está a promover a abertura das fronteiras à entrada desses migrantes e pouco, ou quase nada, sobre a forma de os acolher verdadeiramente.

Acolher não pode significar apenas dar acesso a uma segurança social e a um subsídio de existência que transforma esses migrantes em excluídos da sociedade, que talvez tenham acesso a alimentação base e a cuidados de saúde básicos, mas que nada faz para os tornar membros dignos da sociedade.

Por outro lado, acolher significa integrar.

A integração deve incluir a aceitação da cultura, das normas de vida e a convivência com a sociedade em que se integram.

Não pressupõe nunca a transformação da sociedade integradora numa sociedade diferente daquela que os seus cidadãos pretenderam desenvolver.

Implica saber quem são as pessoas, conhecê-las e conhecer as suas necessidades e competências.

Implica conhecer quais as competências que precisamos, para que os imigrantes possam ser verdadeiramente integrados na nossa sociedade.

Significa isto que deveríamos preparar uma estratégia para a imigração em que determinássemos quais as pessoas que podemos realmente ajudar ao serem acolhidas, e apostar tudo em ajudar essas, deixando que outros auxiliem as que melhor se enquadrem nas suas competências, e assim deixaríamos de continuar a criar situações de falso acolhimento que são promotoras de miséria humana, que cada vez mais encontramos no meio de nós.

Mas devíamos também passar das palavras aos atos naquilo que respeita à promoção do investimento nos países de origem desta imigração, transformando verdadeiramente a realidade dentro desses países e forçando o seu desenvolvimento em condições de dignidade de vida.

Devíamos também promover uma estratégia conjunta, a nível europeu, ou mesmo mundial, que interfira de uma forma eficaz na mudança de paradigma dessas sociedades.

Com a consciência da necessidade do reconhecimento da soberania de todos os Estados, é fundamental encontrar formas de pressionar a integração dos direitos humanos nessas sociedades e de garantir que as más práticas que resultam na criação deste drama migratório que nos afeta a todos poderá reduzir-se significativamente.

E, apesar de a imigração continuar a ser uma necessidade dos países europeus e dos países mais desenvolvidos, aquilo que devemos promover será a imigração com as competências corretas que permita melhorar a vida de quem imigra e a sociedade que os recebe.

A democracia não deve promover, por facilidade, a permissividade. Deve promover a verdade ainda que isso exija um muito maior trabalho e cuidado para o conseguir.

QOSHE - Imigração: basta de adiamentos, coragem precisa-se - Bruno Bobone
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Imigração: basta de adiamentos, coragem precisa-se

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30.03.2024

A imigração tem sido um dos temas mais presentes nas discussões públicas em Portugal, na Europa e no Mundo.

Todos se dizem favoráveis a uma política de acolhimento a esta imensa multidão de pessoas que fogem à vida de miséria que têm nos seus países de origem e procuram novas vidas em países mais desenvolvidos, aonde acreditam ter uma oportunidade de viver com um mínimo de dignidade.

Todos afirmam também que a única forma de resolver esta desesperada e perigosa caminhada de todos estes migrantes será através de um investimento sério nos seus países de origem, de modo a aí melhorar as suas condições de vida e evitando abandonar os seus lares.

Contudo, ninguém fez nada em relação a nenhuma das duas soluções - e a imigração continua a ser promotora de uma das maiores crises humanitárias a que assistimos.

Na realidade, na maioria das vezes em que........

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