“A era do tédio”
A extrema direita populista tem dominado o debate político no mundo a que chamamos ocidental. E tem protagonizado um assinalável retrocesso político, económico e social nos países onde chega ao poder. Apesar disso, a sua popularidade está em níveis inimagináveis há uma década.
A malvadez, a incoerência e o disparate das suas propostas captam a atenção permanente dos meios de comunicação social tradicionais controlando a agenda mediática. Uma legião de influenciadores digitais, invariavelmente composta por homens brancos e heterossexuais insatisfeitos com as suas próprias vidas sócio-afetivas, sustenta-se com o contágio da sua raiva e da sua revolta.
Os comentadores multiplicam-se em explicações para o fenómeno: os imigrantes, os especuladores imobiliários, os políticos pouco sérios, a política que deixou de responder às insatisfações concretas das pessoas, a falta de resposta dos serviços públicos, a falta de perspectivas de futuro e tudo e mais alguma coisa serve de justificação para esta evidente dissonância cognitiva com que nos confrontamos.
Como é possível que pessoas que cresceram em liberdade admitam aderir a movimentos que........
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